Você está aqui

Manual de Consumo Sustentável

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Aumentar o alcance do ensino de consumo sustentável no país. Esse é o objetivo do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) ao lançar, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, o Manual para o Consumo Sustentável. A publicação é voltada para professores de ensino fundamental e médio, além de líderes comunitários e traz textos explicativos sobre o poder da publicidade, gasto de água e energia, entre outros temas importantes para a preservação ambiental. A cidade de São José dos Campos (SP) será a primeira a receber o manual e a capacitação para aplicá-lo em sua rede municipal de ensino.


A idéia de produzir o manual partiu da demanda de professores que assistiam às palestras proferidas pelo Idec nas escolas. Havia um grande interesse sobre o novo conceito e muitos tentavam encaixá-lo em suas disciplinas, mas até agora não existia um método para colocar essas idéias em prática – deficiência que a publicação supre. “Percebemos que o homus economicus não aparecia nas aulas, apesar das crianças serem vítimas do consumo”, diz Aida Godói, responsável pela capacitação dos professores em São José dos Campos.


As 140 páginas do manual são divididas em sete capítulos (água, energia, lixo, alimento, floresta, publicidade e transporte). Cada um deles possui textos explicativos sobre questões relativas ao tema no Brasil e no mundo e um guia de atividades didáticas para os professores aplicarem em sala, além de dicas de ações a serem levadas adiante. As crianças e adolescentes são sempre estimulados a investigar os tópicos e relacioná-los à situação local. “Ao consumir, não fazemos a ligação entre os produtos e o impacto sócio-ambiental que geram”, critica Liza Gunn, do Idec, para quem o consumidor deve estar consciente “da idéia do poder de pressão que possui no setor produtivo”.


São José dos Campos tem tradição de educação ambiental


São José dos Campos foi escolhida para testar o Manual pela tradição que possui em educação ambiental. A cidade possui aterros sanitários e um sistema de coleta seletiva avançado. “Se não somos ainda uma cidade ecologicamente correta, estamos chegando perto”, comemora Aida.


Além disso, há mais de dez anos 16 escolas municipais oferecem a disciplina “Educação Ambiental” como optativa para os alunos de ensino fundamental. O material utilizado até agora englobava artigos da revista Consumidor S/A, do próprio Idec, e recortes de outras publicações, utilizadas para ilustrar os conceitos expostos. “Aplicar o manual em São José é uma forma de colocá-lo à prova com quem já conhece o assunto”, diz Liza.


A capacitação envolveu 85 professores de ensino fundamental de 33 escolas municipais de São José durante a última semana de julho. Foram cinco reuniões de quatro horas onde eles puderam acompanhar palestras sobre consumo sustentável e discutir as sugestões pedagógicas do manual. Durante o segundo semestre, haverá ainda mais três reuniões de acompanhamento dos professores com o Idec para poderem avaliar o resultado da publicação. No fim do ano, será realizada a “Feira do empreendedor”, evento interescolar que reunirá os melhores trabalhos realizados ao longo do período com base em mostras de consumo sustentável a serem realizadas em cada unidade de ensino. No total, 13.700 alunos terão aulas de Educação para o Consumo duas vezes por semana.


A intenção é ampliar o projeto para líderes comunitários, organizações sociais que trabalhem com desenvolvimento local e para o ensino médio para que eles se tornem multiplicadores das noções de consumo sustentável. Mas essa idéia não será aplicada agora, mesmo porque a demanda para participar da capacitação foi muito grande e nem todos foram atendidos. Algumas escolas particulares, inclusive, tentaram inscrever seus professores sem sucesso, pois o número de inscritos já era superior ao pretendido pelo Idec.


A expectativa dos envolvidos quanto aos resultados da nova metodologia é grande. O manual não é, porém, uma idéia original do Instituto de Defesa do Consumidor: a Consumers International, federação internacional de entidades de defesa do consumidor, já havia editado um manual semelhante, mas nunca o havia aplicado. A prática é inédita na América Latina, mas apesar disso, são esperados bons frutos. Conceitos como os da Agenda 21, agricultura orgânica e coleta seletiva serão reforçados e daí virão os ganhos. “Se as crianças despertarem para a fantasia da propaganda e prestarem atenção no consumo teremos um futuro melhor com certeza”, diz Aida.


 


Marcelo Medeiros

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer