Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Artigos de opinião
D. Demétrio Valentini*
Durante a semana da Pátria, de 1 a 7 de setembro, antes ainda das eleições de outubro, teremos um plebiscito popular no Brasil. Está sendo organizado, por iniciativa de movimentos populares, igrejas e entidades civis, uma verdadeira consulta popular sobre a ALCA – Área de Livre Comércio das Américas.
O potencial educativo desta iniciativa da cidadania, é percebido pela surpreendente adesão que vem encontrando em todo o país. Ao lado de uma campanha política que corre o risco do monólogo dos candidatos diante da população incrédula de suas intenções, o plebiscito vem suscitando interesse, debate, mobilização, organização e participação popular em toda a parte. Sem nenhum apoio oficial, sem recursos financeiros, sem aparato técnico, o povo está se preparando para o plebiscito, procurando conhecer o que está embutido nesta proposta apresentada com tanta insistência por parte do governo americano, e olhada com tanta desconfiança por todos os países da América Latina.
Diante do inveterado desinteresse popular por questões políticas, que tanto prejudica o exercício da democracia, é salutar perceber esta nova vertente de cidadania, que encontrou neste processo um caminho promissor de reversão da alienação, e de participação consciente no debate dos problemas nacionais. Já bastaria isto para olharmos com simpatia este novo plebiscito, que vem dar consistência política à celebração da Semana da Pátria, junto com o Grito dos Excluídos.
Ele carrega também o SINAL da democracia popular. A maneira como está sendo organizado,não é imposto por nenhum movimento ou entidade, é assumido livremente. Não impõe nada, simplesmente convida para o debate e para o posicionamento responsável dos cidadãos diante do futuro de seu país.
Mas o plebiscito é também necessário, politicamente. Ele chama a atenção para a questão de fundo, que perpassa todo o debate em torno da situação atual do Brasil, no contexto mundial que vai se desenhando. O que está em jogo é a soberania nacional. O que o povo começa a se perguntar é se ainda somos os Estados Unidos do Brasil, ou se já passamos a ser o Brasil dos Estados Unidos. Por isto, como alerta emblemático, além de duas questões sobre a Alca, o plebiscito vai colocar a questão da entrega da Base de Alcântara ao controle militar dos Estados Unidos.
É urgente aglutinar a resistência popular, para impedir que voltemos a ser colônia, fornecedora de matérias primas baratas para proveito de interesses alheios.
Se o governo não é capaz de resguardar nossa soberania, é preciso que o povo tome posição. A Semana da Pátria nos faz reviver a necessidade de reconstruirmos nossa independência. O plebiscito nos possibilita afirmar coletivamente esta disposição. SOBERANIA SIM, ALCA NÃO!
* Dom Demetrio Valentini, é Bispo de Jales-SP, acompanha há muitos anos o setor de pastoral social da CNBB, juntamente com outros bispos da CNBB. E é membro da plenária nacional da Campanha Nacional Contra a ALCA.
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