Está acontecendo desde o dia 8 de novembro a 5a. Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. O evento segue até o dia 19 de dezembro, com exibições em diversas cidades brasileiras. Confira o cronograma e a programação no site do evento - onde também pode ser baixado o catálogo da mostra. Todas as exibições são gratuitas.O documentário “Vidas Deslocadas”, que conta a história de um casal de refugiados palestinos reassentado no Rio Grande do Sul, abriu a Mostra em Brasília (DF). Produzido em 2009 e dirigido pelo documentarista curitibano João Marcelo Gomes, “Vidas Deslocadas” mostra o esforço cotidiano do casal Faez Abbas e Salha Nasser no seu processo de integração no Brasil, onde vivem desde 2007.Faez e Salha chegaram ao Brasil como parte do grupo de 108 refugiados de origem palestina que desembarcou no país entre setembro e novembro de 2007, vindos do campo de Ruweished, na Jordânia, próximo à fronteira com o Iraque. Estes refugiados foram beneficiados pelo Programa de Reassentamento Solidário do governo brasileiro, implementado com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e de organizações não-governamentais. O grupo de palestinos que chegou ao Brasil vivia no Iraque, como refugiados reconhecidos pelo regime de Saddam Hussein. Com a queda do regime, em 2003, tornaram-se vítimas de prisões arbitrárias, desaparecimentos e torturas por parte de milícias armadas. Por causa disso, foram forçados a deixar o país e fugiram em direção às fronteiras do Iraque com a Síria e a Jordânia, onde foram alojados em campos para refugiados numa região conhecida como Terra de Ninguém (ou “No man’s land”). Devido às precárias condições de vida nestes campos, o ACNUR iniciou esforços para enviar os refugiados para países que possuem programas de reassentamento – uma das soluções duradouras para os refugiados com a qual o ACNUR trabalha. O campo, que foi fechado após o reassentamento dos refugiados palestinos no Brasil, ficava a 70 km da fronteira com o Iraque e era infestado por escorpiões, com constantes tempestades de areia e variações climáticas. Em maio de 2007, o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) do Brasil aprovou por unanimidade o reassentamento destes refugiados, decisão considerada pelo ACNUR como uma “resposta humanitária” à situação dos refugiados palestinos no mundo. Ao chegarem ao Brasil, os refugiados foram reassentados no interior de São Paulo e do Rio Grande do Sul, onde são atendidos por ONGs que participam do Programa de Reassentamento Solidário. Para o diretor João Marcelo Gomes, o documentário “Vidas Deslocadas” busca mostrar a vida cotidiana dos refugiados no Brasil por meio do casal Faez e Salha. “Mesmo com suas particularidades e diferenças culturais, os refugiados têm uma vida como todas as pessoas. Têm um trabalho família e relações sociais”, afirma. “Quis desmontar o estereótipo da vida em um campo de refugiados, e mostrar que essas pessoas não são criminosas ou fugitivas”, completa Gomes. De acordo com o diretor, o tema do refúgio é pouco conhecido no Brasil e precisa ser mais difundido. “Busquei contar uma história humana, de um ponto de vista pessoal. Uma história que possa criar empatia e ser identificada por qualquer pessoa, inclusive quem não conhece nada sobre o tema do refúgio. Este é tema que merece ser aprofundado”. O trailer do documentário pode ser visto em www.vimeo.com/14391176 e www.grafoaudiovisual.com/movie/vidas-deslocadas/. Os refugiados palestinos atendidos pelo Programa de Reassentamento Solidário permaneceram dois anos sob assistência financeira direta, incluindo o pagamento de aluguel e de uma bolsa de subsistência, graças a recursos da comunidade internacional doados ao ACNUR. Também foram acompanhados pelas ONGs parceiras do programa, com assistência médica e psicossocial, aulas de português, ofertas de medicamento e tratamento não cobertos pelo sistema público de saúde, encaminhamento para cursos profissionalizantes e emissão de documentos, entre outras atividades. Atualmente, 100% das crianças estão matriculadas em escolas públicas ou privadas, e 73% da população adulta estão empregados ou desenvolvem atividades de geração de renda. Devido à sua vulnerabilidade, cerca de 20 refugiados continuam sob assistência financeira direta, inclusive o casal Faez e Salha. Como um todo, o Programa de Reassentamento Solidário no Brasil beneficia cerca de 400 refugiados, a maioria colombiana. No Brasil, vivem aproximadamente 4.300 refugiados de 76 nacionalidades diferentes. O documentário “Vidas Deslocadas” será exibido em vinte capitais brasileiras que recebem a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos. A mostra é realizada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Luiz Fernando Godinho e Janaína Galvão, de BrasíliaPor: ACNUR
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