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Campanha pelo uso do preservativo

Autor original: Marcelo Medeiros

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Bemfam

A Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil (Bemfam) desenvolve, desde julho, uma campanha que visa estimular o uso de preservativos na região sul, que apresenta a maior proporção de pessoas portadoras de HIV por habitante no Brasil. As atividades, entre elas a exibição de vídeos, outdoors e campanhas educativas em grandes eventos, estão concentradas em cidades com grande número de jovens e portadores do vírus da Aids e visam sensibilizar a juventude da região para importância de se proteger.


A Bemfam trabalha em 11 estados e realiza campanhas de saúde sexual e reprodutiva como forma de exercício da cidadania em conjunto com órgãos governamentais e outras organizações da sociedade civil. Apesar de existir desde 1965, é a primeira vez que a entidade prioriza o sul em suas campanhas –antes, as regiões norte e nordeste eram as mais visadas. “O estereótipo do sul maravilha fazia com que nunca houvesse financiamento para projetos por aqui”, diz Inezita Camargo, coordenadora da Bemfam de Santa Catarina. “Mas aqui existem os mesmos problemas do resto do país”, lembra.


O sul e a epidemia


O Brasil possuía, em 2000 (último ano com dados completos do Ministério da Saúde), 222 mil casos de Aids registrados, uma média de 10,5 pessoas a cada 100 mil. A região sul, apesar de não ser a que possui mais casos (são 35 mil), é a área com maior proporção de doentes por pessoa –16,4 a cada 100 mil.


A esse número deve ser somado o de portadores do HIV (que não desenvolveram a doença). O sul apresenta o maior índice de crescimento de pessoas infectadas pelo vírus da Aids no país. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, até novembro de 1998 o número de casos registrados na região aumentou 1,54% ao ano entre os homens e 1,35% entre as mulheres –apenas a região centro-oeste se aproxima desse percentual, com 1,14% entre os homens (entre as mulheres o índice não chega a 1%). A maior parte dos portadores está no Rio Grande do Sul e possui ente 13 e 49 anos. Além disso, entre 1998 e 2001 houve uma redução do consumo de preservativos masculinos e aumento de contaminação entre jovens.


A campanha


Daí a necessidade de concentrar ações contra a Aids nas cidades mais populosas e com mais atrativos para essa faixa etária - Joinville, Florianópolis e Blumenau, em Santa Catarina; Curitiba e Londrina, no Paraná; Porto Alegre, Caxias do Sul e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A campanha está inserida no Projeto Despertar –patrocinado pela Usaid (Agência Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional)- e abrange campanha de mídia, ações informativas e educativas. Em todas as cidades, a Bemfam fará palestras, oficinas e dará aulas em escolas, ONGs, empresas e postos de saúde (um ponto muito importante no trabalho de sensibilização).


A prioridade é sensibilizar a juventude para a necessidade do uso de preservativos de forma natural mais do que distribuí-los. “Não basta pôr uma cesta com camisinhas no meio da praça. Quem me garante que elas serão usadas? A distribuição e a sensibilização devem andar juntas”, diz Inezita.


Por isso foram produzidos três filmes publicitários que mostram a camisinha aparecendo de forma natural em relações sexuais entre jovens. Além disso foram produzidas vinhetas para rádios e anúncios de revista, outdoor e busdoor (publicidade em ônibus). Todas as peças já estão sendo veiculadas nos meios de comunicação das cidades. Haverá ainda ações educativas em festas regionais como a catarinense Oktoberfest. Durante os eventos uma equipe de promotoras capacitadas distribuirá brindes, preservativos e materiais informativos. A avaliação das peças pelos jovens tem sido positiva, pois o material usa o humor sem vulgaridade e com seriedade.


A organização instalará ainda máquinas automáticas de venda de camisinhas como forma de facilitar o acesso a elas em locais e horários não atendidos por pontos de venda tradicionais como danceterias, casas de show e empresas. Parte dos recursos das campanhas vêm da comercialização de preservativos. Para não depender de patrocinadores, a instituição desenvolveu a marca Prosex, cujas vendas são destinadas às atividades.


Para Inezita, o que falta a outras campanhas é o respeito ao jovem e, também, prática. “É um desafio trabalhar com a juventude. Ela encara a vida como eterna. As campanhas têm que respeitar essas características. Já se falou muito e pouco se fez. Procuramos fazer todos vislumbrarem seus sonhos se respeitando. Tudo isso faz parte da missão da Bemfam de promover saúde sexual e reprodutiva”, afirma.


 


Marcelo Medeiros

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