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ONGs se mobilizam para o combate às hepatites

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Formado por dez entidades de diversos estados do Brasil, o Fonacon - Fórum Nacional de Consenso das ONGs e Grupos de Apoio dos Portadores de Hepatites e Transplantados Hepáticos foi criado, em julho deste ano, com a missão de otimizar a ajuda a esses pacientes e melhorar a sua qualidade de vida. Atenção especial é dada à hepatite C, cujo vírus foi descoberto apenas em 1989. Por ser relativamente recente (o teste que detecta este tipo de hepatite surgiu em 1992), não há leis que protegem os portadores, que sofrem, ainda, de discriminação no local de trabalho e falta de informações sobre a doença. A hepatite C (doença assintomática), que pode levar à morte se não detectada e tratada precocemente, atinge 4 milhões de brasileiros.


A articulação para a constituição do Fórum começou durante um encontro com as entidades integrantes, promovido no mês de março pelo Grupo Esperança (de apoio a portadores), em Santos (SP). A ocasião foi uma oportunidade para que as entidades pudessem trocar experiências e percebessem a necessidade de unir forças para viabilizar o apoio integral aos portadores de hepatites. Existem poucas ONGs no Brasil de apoio a portadores de hepatites virais e transplantados de fígado - são apenas 13, das quais estavam presentes no encontro as dez integrantes do Fórum.


O principal objetivo do Fórum é ter uma representação mais forte junto ao Governo Federal a fim de cobrar a melhoria do tratamento das hepatites, desde a prevenção até o pós-transplante. As entidades exigem do governo a implementação imediata do Plano Nacional de Prevenção e Controle das Hepatites Virais (PNH). Atualmente, o plano, determinado na portaria MS 263/2002, não possui nem mesmo dotação orçamentária, o que pode mantê-lo apenas como uma carta de intenções. "O plano está bem elaborado. A nossa luta é para que ele não fique só no papel; que transcenda à transição do governo e seja efetivado", diz Jeová Pessin Fragoso, que é presidente do Grupo Esperança, uma das entidades participantes do Fórum.

Campanhas de divulgação são armas importantes

Além disso, o Fórum pretende padronizar os procedimentos das entidades para a assistência integral ao portador. Em parceria com governos locais, essas entidades atuam junto às redes públicas de saúde, realizam reuniões e palestras com especialistas, fazem campanhas de divulgação, com coleta de sangue, distribuição de folhetos informativos e outras ações, para chamar a atenção da população sobre esse grande problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no Brasil cerca de 8 milhões de portadores de hepatites, dos quais 95% desconhecem estarem infectados.


Fragoso destaca a importância de se combater a hepatite C. "Dentre as hepatites mais comuns (A, B e C), a C é a que mais nos preocupa", diz Fragoso. Ao contrário das hepatites A e B, ainda não existe vacina para a hepatite C. O vírus da hepatite C - que é mutante - é transmitido somente no contato do sangue com sangue contaminado. A hepatite C não apresenta sintomas mas fica em atividade, podendo causar cirrose e câncer de fígado, se não for diagnosticada e tratada precocemente. O agravamento da doença pode levar o paciente à necessidade de transplante do fígado – que muitas vezes é impedida pela carência de doadores – ou até mesmo ao óbito. Por outro lado, se há o diagnóstico precoce, com uma simples coleta de sangue, e tratamento adequado, o portador terá uma vida normal. "É um vírus cuja incidência já é sete vezes maior do que o HIV e é o maior causador de transplante no fígado", afirma Fragoso. Os exames e o tratamento da doença são caríssimos. Além da medicação, o portador precisa de informação para tratar a doença adequadamente. Às dificuldades de tratamento soma-se o preconceito que sofrem as pessoas com hepatite C. Algumas empresas não admitem pessoas com essa doença, pois, ao contrário de outras doenças graves, não existe ainda uma lei que proteja portadores de hepatite C.


Apesar desse quadro assustador, Fragoso diz que não é difícil combater as hepatites se houver vontade política. Por esse motivo, o Fórum quer insistir para que o governo cumpra o seu compromisso, realizando a distribuição gratuita de medicamentos para os portadores e campanhas de divulgação, para combater as hepatites e melhorar a qualidade de vida dos portadores.


Mais informações sobre o Fonacon podem ser obtidas pelo correio eletrônico fonacon@uol.com.br.


 


Mariana Loiola

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