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Convivendo com o semi-árido

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Organizações que atuam em regiões do semi-árido, agricultores familiares e técnicos acabam de ganhar um reforço importante de informação para melhorar o aproveitamento da água em suas terras. Trata-se da cartilha “Convivendo com o Semi-árido – Manejamento de Recursos Hídricos”, produzida e distribuída (ver detalhes ao final desta matéria) pela Diaconia, entidade religiosa com sede no Recife (PE) e atuante nas áreas de seca do Nordeste e norte de Minas Gerais. O material contém informações sobre experiências bem-sucedidas e tecnologias baratas para o aproveitamento dos recursos hídricos. A publicação chega em um momento em que a seca avança em vários Estados nordestinos, com centenas de municípios em situação de calamidade pública.


A cartilha de 68 páginas está em formato de revista e foi redigida por oito técnicos da Diaconia numa linguagem simples, com fotos e ilustrações para facilitar a compreensão dos agricultores. São oito capítulos que mostram projetos adotados com sucesso por comunidades rurais em parceria com organizações participantes da Articulação do Semi-Árido (ASA) e já testados por agricultores. “A escolha dos projetos não foi feita com base apenas em informações técnicas, mas também naquelas oferecidas pelos beneficiados”, diz Felipe Jalfim, um dos organizadores da cartilha.


Plantas


As plantas características do semi-árido servem de exemplo para muitas das soluções propostas. “O mandacaru modificou sua estrutura para poder guardar muita água no seu tronco”, diz o texto. Da mesma forma, “o umbuzeiro com o tempo aprendeu também a conviver bem com o semi-árido. Parte de suas raízes se transformou em grandes batatas, que funcionam como cisternas para guardar água”.


Entre as experiências estão barragens (subterrâneas e sucessivas), uso sustentável da água de poços em irrigação, barramento de pedra (represas com rochas para evitar a perda de terra), captação e armazenamento de água de chuva em cisternas, irrigação de salvação de lavouras frágeis, cisternas de placas calçadão (construção de calçadas cimentadas para conter a água da chuva) e palma agroecológica (espécie de planta resistente a secas).

“Estas experiências trazem referências importantes para o convívio com o semi-árido. A fatalidade da seca é muito explorada na política, mas esses trabalhos mostram que com pesquisa e capacitações é possível mudar a paisagem. Eles são simples, mas com grandes resultados”, afirma Jalfim.


A cartilha adverte que cada iniciativa deve ser adaptada ao contexto onde for aplicada, mas em geral, o custo de execução é baixo. As barragens sucessivas, por interferirem no leito dos rios, são as mais caras, podendo chegar a R$ 35 mil. O valor depende do relevo e do volume do rio. As cisternas para captação de água da chuva em telhados, por outro lado, custam entre R$ 700,00 e R$ 800,00, enquanto as subterrâneas variam entre R$ 500,00 e R$ 2 mil.


A publicação traz os contatos (telefone e endereço eletrônico) das organizações especializadas em cada projeto apresentado para quem quiser desenvolvê-los. A cartilha de manejamento de recursos hídricos é a primeira de uma série. Já está sendo produzida uma sobre agroflorestas e outras estão em estudo.


A publicação é distribuída para organizações que tenham projetos no semi-árido, agricultores e técnicos atuantes na região. Cada uma pode receber um exemplar. Os demais custam R$ 5,50. A “Convivendo com o Semi-Árido – Manejamento de Recursos Hídricos” pode ser pedida pelo e-mail paaf@diaconia.org.br ou por carta para a Diaconia no endereço Rua Marques Amorim 599 – Boa Vista, Recife (PE) CEP: 50070-330.


 


Marcelo Medeiros

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