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Uma semana que não será jogada fora

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

De 21 de outubro a 3 de novembro, Recife (PE) sedia a I Semana de Redução de Lixo, que irá promover diversas atividades relacionadas à redução e ao reaproveitamento do lixo em grupos comunitários, escolas e empresas da capital pernambucana. O evento é iniciativa da ONG Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan), com apoio da canadense Action Re-Buts. O tema da iniciativa brasileira é “menos lixo, mais vida”.

A Semana da Redução do Lixo começou em Montreal, Canadá, há cinco anos e recentemente foi promovida também na França e na Bélgica. Chegou ao Brasil este ano devido à parceria entre a Aspan e a Action Re-Buts. Assim como nos países do hemisfério norte, o evento aqui é importante e deve ser tomado como exemplo para outras cidades. A intenção é mostrar alternativas da sociedade civil para o problema da produção e armazenamento de detritos.


Produção de lixo


De acordo com a organização brasileira, 85% do lixo produzido no país não deveria ser jogado fora, pois poderia ser reaproveitado. No total, segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE, de 2000, são coletadas cerca de 230 mil toneladas de lixo por dia no país. Recife, sede do evento, coleta por volta de 2.100 toneladas por dia.


Já segundo o Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, cada brasileiro produz em média 600 gramas de detritos por dia, mas esse número pode chegar a 1 quilo em grandes cidades como São Paulo. A tendência é de crescimento da produção de lixo e os lixões e aterros sanitários de todo o país estão ficando saturados. As conseqüências são danos ao meio ambiente e falta de aproveitamento dos resíduos para produzir energia e adubos orgânicos.

Por isso a necessidade de três ações, ordenadas por importância: redução, reutilização e reciclagem. Esses tópicos, chamados de “princípios dos três Rs”, guiarão as atividades da semana de Recife. Por intermédio das atrações do evento, a Aspan procura estimular pessoas comuns a conscientizar outras. São medidas simples como vender objetos que não têm mais utilidade ao invés de jogá-los fora, mutirões de limpeza, hortas orgânicas comunitárias e programas de coleta seletiva nas empresas, escolas, edifícios etc.


Atividades


Escolas da Grande Recife receberão atividades da Semana, sendo todas abertas ao público. Haverá debates, oficinas, uma feira de material reaproveitado e reciclado (a Feira de Reutilização), além de caminhadas ecológicas e um mutirão de coleta de materiais na Comunidade do Entorno (veja a programação completa ao lado) . Além disso, serão exibidos, nos dias 21 e 22, às 20h30, e 23, às 16h30, no Teatro do Parque, filmes sobre a problemática do lixo. As atividades foram montadas para atingir o maior número de pessoas possível, de todos os setores da sociedade.


A Feira de Reutilização será montada no Recife Antigo, zona portuária da cidade. Haverá 20 estandes de organizações sociais, empresas e da Prefeitura com propostas para diminuir a produção e o reaproveitamento dos dejetos da cidade. Além de tornar públicas idéias restritas aos envolvidos com o assunto, a Semana pretende estimular a reflexão em torno do tema. “Esse é o nosso quarto R. As pessoas não param para pensar no lixo e no seu custo”, diz Bertrand Sampaio, coordenador de projetos da Aspan. Só em Recife são gastos R$ 6 milhões por mês com a coleta pública. “É muito dinheiro para uma cidade pobre como a nossa”, completa.

A idéia dos organizadores é tornar a Semana um evento nacional, como já acontece no Canadá. Para isso já estão articulando parcerias com organizações de outros estados para promover a iniciativa. “Queremos ver todos fazendo um pouco para diminuir esse problema. Se conseguirmos isso, já estaremos satisfeitos”, afirma Bertrand.

 


Marcelo Medeiros

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