Você está aqui

Nada se perde, tudo se aproveita

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor

Uma idéia que surgiu de uma simples arrumação doméstica está servindo como uma ótima solução para pessoas e empresas e beneficiando diversas instituições sem fins lucrativos de São Paulo. O Programa de Redistribuição de Excedentes, que existe há dez anos, recebe doações de empresas e indivíduos e repassa o que é arrecadado para instituições cadastradas, de acordo com o tamanho e o número de pessoas atendidas por cada entidade receptora. O trabalho é voluntário, ainda não está regulamentado e não recebe nenhum tipo de apoio financeiro.


À frente desta iniciativa está a socióloga Cláudia Troncoso que, em 1992, começou a organizar em caixas de papelão os brinquedos que seus filhos não queriam mais. Passou a juntar em casa, também, brinquedos de sobrinhos, de filhos de amigos e de vizinhos. Para se desfazer desses brinquedos, procurou conhecer e visitar instituições, quando surgiu a idéia de montar um cadastro. A partir daí, pessoas conhecidas que queriam se desfazer de algum objeto - porém não sabiam como - passaram a procurar Cláudia, que se tornou intermediadora das doações. Ela começou a entrar em contato com eventos, feiras e empresas para explicar o seu trabalho; as pessoas e instituições que tinham algum excedente para doar, retornavam o contato. Estava sendo estruturado, assim, o Programa de Redistribuição de Excedentes, que atualmente conta com um cadastro de 26 instituições receptoras.


A maior parte da divulgação é feita através do boca-a-boca e, também, durante o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, que acontece anualmente. Há cinco anos, as empresas fornecedoras do evento doam excedentes do GP, além de outros eventos e festas esporádicos promovidos por cada uma delas no decorrer do ano. São doados também restos de materiais produzidos nas próprias empresas, como papéis, sobras de mala-direta e de material de campanha eleitoral. Essas pessoas e empresas querem se desfazer logo dos materiais excedentes, porém, evitando o desperdício.


Ao receber as doações, o programa entra em contato com as entidades cadastradas que estejam interessadas e possam recolher o material. Entre os objetos encaminhados para as entidades estão: carpete, uniformes, camisetas, mochilas, chaveiros, bonés, camisetas, toalhas de mesa, louças, refrigerantes, água, alimentos (que não tenham sido manipulados), materiais de construção, entre inúmeros outros.


Como saber se o material doado poderá ser reaproveitado? Essa é uma questão que não preocupa Cláudia. Uma caixa que sobrou de um evento com cordões de nylon usados para credenciais, por exemplo, rendeu um tapete nas mãos de crianças e adolescentes de uma das instituições receptoras. Meninos e meninas da mesma instituição aproveitaram discos de vinil para pintar e produzir suportes para vasos de planta. "A criatividade desenvolvida nessas instituições é surpreendente", diz.


As instituições cadastradas costumam ser indicadas por amigos e pelos fornecedores, mas a indicação não é pré-requisito. "Procuro conhecer cada entidade através de visitas e entrevistas, mas não há regras fixas para ser cadastrada. Só é necessário que ela se comprometa a cumprir os prazos de retirada das doações", diz Cláudia, que, ao estabelecer um exemplo de boa idéia aliada a perseverança, faz com que de doação em doação, as entidades encham a casa.


O contato para doações e para o cadastro no Programa de Redistribuição de Excedentes pode ser feito pelo telefone (11) 5044-1338 ou através do correio eletrônico actroncoso@uol.com.br.


 


Mariana Loiola

Theme by Danetsoft and Danang Probo Sayekti inspired by Maksimer