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Jovens multiplicadores de saúde

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Novidades do Terceiro Setor








Um projeto de prevenção de DST/Aids voltado para adolescentes, que teve início no recente mês de outubro, já está começando a render bons frutos em Tejipió, Pernambuco. Iniciativa pioneira da Associação de Ação Solidária (Asas) no estado, o projeto "Adolescentes e educação de pares - uma experiência na prevenção das DST/Aids" promove oficinas para estudantes e professores de escolas públicas com o objetivo de formar agentes multiplicadores das informações sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST).


Realizado pela coordenação do Asas e integrantes do Grupo de Agentes Multiplicadores de Informação (Gami) - sub-grupo do Asas, formado por pessoas com HIV/Aids – o projeto foi baseado numa experiência desenvolvida em Lima, no Peru. O principal objetivo é mobilizar e incentivar alunos adolescentes e professores a contribuírem para a formação de uma cultura entre a população jovem de baixa renda, que gere uma redução do índice de disseminação das DST/Aids e da gravidez precoce e indesejada. Pretende-se também promover a redução das atitudes discriminatórias contra pessoas com Aids. Segundo Gerlane Nunes, coordenadora do projeto e do Asas, apesar de existir atualmente um grande fluxo de informações sobre DST/Aids, as campanhas preventivas ainda são muito reduzidas em comparação ao incentivo à vida sexual precoce, presente na mídia.


A proposta do projeto é trabalhar a metodologia de educação de pares, preparando adolescentes para sensibilizarem outros adolescentes. Segundo a coordenadora, esta metodologia é mais eficiente do que outras, pois a linguagem utilizada é a mesma do público-alvo. "Os adolescentes se sentem mais à vontade para conversar sobre esses temas com outros adolescentes do que com adultos", diz.


O papel dos professores no projeto é dar apoio, incentivo e suporte técnico para que os adolescentes possam desenvolver, no ambiente escolar, as ações necessárias para alcançar o objetivo do projeto. Para isso, as oficinas buscam uma maior integração entre mestres e alunos, a fim de que se estabeleça uma relação de confiança entre eles.


No total, são cinco oficinas que acontecem aos sábados, em uma escola estadual de Tejipió, e que abordam, além de prevenção das DST/Aids, temas como sexualidade, relações de gênero, contracepção, planejamento familiar e drogas. Ao final das oficinas, será elaborado um plano de ação para os novos multiplicadores implementarem em suas escolas. "O planejamento das atividades deverá ser feito de acordo com a realidade socioeconômica e cultural e a disponibilidade desses adolescentes. O Asas e o Gami passarão apenas a monitorar o trabalho deles", diz.


Participam do projeto 90 adolescentes, de 13 a 23 anos (em sua grande maioria provenientes de famílias de baixa renda) e 15 professores (todos indicados por suas turmas) de duas escolas municipais e uma estadual de Recife.


Mesmo com menos de um mês de trabalho, já pode ser constatado um retorno muito positivo. Os professores já estão abrindo espaços na carga horária escolar para incluir essas questões nas suas disciplinas, buscando textos e propondo redações para que os alunos discutam e reflitam sobre os temas. Já os adolescentes estão propondo a montagem de uma peça de teatro sobre a temática. "Eles são muito criativos e estão bastante motivados com as atividades", diz Gerlane.


O projeto, que conta com apoio financeiro previsto para o período de um ano do Pommar/Usaid/Partners of the Americas e do Tearfund (Inglaterra), já está em busca de outros apoios e de parcerias com órgãos do governo e outras ONGs, para dar continuidade às suas atividades.


Entre as propostas em discussão estão a de levar o projeto para outras escolas e a de que os adolescentes possam, utilizando a sua própria linguagem, elaborar uma cartilha para ser distribuída nas escolas. Além disso, existe a idéia de intervenção em unidades de saúde, a fim de sensibilizar os profissionais que, segundo Gerlane, ainda não estão preparados para atender jovens com HIV/Aids.


Mais informações sobre o projeto Adolescentes e educação de pares - uma experiência na prevenção das DST/Aids podem ser obtidas pelo telefone (81) 3445-1087, ou através do correio eletrônico asasongaids@uol.com.br.


 

Mariana Loiola

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