Autor original: Maria Eduarda Mattar
Seção original: Notícias exclusivas para a Rets
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Porque as chuvas caem com muita intensidade e com frequência quase diária nos próximos meses, uma outra consequência não pode ser esquecida: a capacidade das empresas de saneamento de captar e transportar água limpa para as casas das pessoas. Quem faz o alerta é o engenheiro e coordenador do Movimento da Cidadania Pelas Águas, José Chacon de Assis. “O verão brasileiro tem os meses em que ocorrem as maiores precipitações. É também a época em que há mais demanda por água, por motivos óbvios. Ora, se há aumento de consumo e de precipitação, tem que haver controle. Há que se planejar os procedimentos em situações como esta”, exige. A equação comporta ainda outra variáveis: quanto maior o consumo, maior a poluição e a emissão de esgoto. Quanto maior a temperatura, mais propício o ambiente à proliferação de bactérias. Maior, portanto, a possibilidade de patologias (como a dengue, diga-se de passagem).
Malu Ribeiro, coordenadora do Núcleo Pró-Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica alerta para outro problema habitué do verão: as enchentes. Em muitos casos, as cheias poderiam ser evitadas se rios e córregos não fossem tão poluídos. A presença de lixo nas águas fluviais contribui não só para aumentar o volume das mesmas e causar enchentes, mas também para a transmissão de doenças. Há dez anos, o núcleo que Malu coordena trabalha para alertar e conscientizar e, principalmente, para cobrar por políticas públicas de recursos hídricos que não sejam pontuais. “As autoridades competentes têm visto o seu papel de forma isolada. Há muito tempo sabem dos problemas, mas buscam soluções desintegradas. O Tietê, por exemplo, não é problema de um só município. Demanda ações em âmbito estadual também, integradas com as municipais”.
Segundo ela, “sem sombra de dúvida” ocorrerão enchentes no verão que se aproxima, referindo-se não só ao Tietê e aos rios da Grande São Paulo, mas aos de todo o país. “É importante que o exemplo do Tietê sirva de alerta para outras regiões não tão degradadas ou caóticas como a região metropolitana de São Paulo. É bom que eles aprendam com nossos erros e acertos e não deixem que fiquem como o Tietê que hoje é um verdadeiro esgoto a céu aberto”. Para ela, o que está faltando, além da ação integrada dos orgãos responsáveis, é o cidadão ver seu papel neste processo todo: “O desafio é conseguir a cooperação da população, fazendo com que um projeto de despoluição se torne também de cidadania”.
Carlos Henrique Rodrigues Alves, responsável pelas relações institucionais da Fundação Ondazul, lembra aspectos que afetam as praias e qualidade da água para banho. “Os principais riscos se dão depois das chuvas fortes. Qualquer praia fica pelo menos três dias imprópria depois disto”. Isso acontece porque em muitos casos o lixo desce de morros e vai para o mar. Não pode ser esquecido que é também nesta época que as praias mais ficam cheias – de pessoas e, consequentemete, do lixo deixado por elas. “Se o Brasil está preparado para o verão? Não. Existem problemas de lixo (um dos principais), transporte, saneamento, afogamento. As praias tinham que ter mais cestas de lixo e, outro ponto importante, indicações de raios ultravioleta – pois, pouca gente sabe, mas a insolação é um dos maiores “males” que acometem as pessoas no verão”, enumera Carlos Henrique.
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