Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
Criada em 1985, a Associação do Grupamento de Resgate Voluntário (AGRC) nasceu a partir da ação de um grupo de pessoas interessadas em implantar um trabalho de atendimento voluntário a vítimas, em situações de emergência. O projeto se desenvolveu e passou a atender a comunidade com trabalhos de prevenção e de atendimento antes, durante e após situações de emergência. "A idéia inicial era fazer um trabalho de bombeiro voluntário, mas nossa iniciativa se desenvolveu mais como um trabalho de participação social e comunitária do que de bombeiros", diz Júlio Verna, presidente da AGRV.
A organização entende a situação de emergência como conseqüência de uma causa social. Por isso, desenvolve atividades de prevenção em uma comunidade pobre na região de Jabaquara, em São Paulo (SP) onde a população costuma recorrer ao serviço público de saúde, despreparado para dar conta de toda a demanda, segundo Júlio. Através da aplicação de métodos de qualidade, a prestação de serviços é feita antes, durante e após as situações de emergência. Cerca de 80 voluntários atuam junto à comunidade, procurando identificar as suas dificuldades, ajudando na sua organização e a preparando para encarar as situações de emergência. "Olhamos a comunidade holisticamente", diz Julio.
O Resgate Voluntário atua em estreita colaboração com os órgãos de Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e os sistemas de atendimento pré-hospitalar, para otimizar o atendimento em calamidades públicas, acidentes de trânsito, incêndios, emergências clínicas, ambientais e ecológicas, missões de resgate, busca e salvamento, desastres urbanos e rurais e outras situações que requeiram uma força multitarefa. É freqüente também a parceria com outras ONGs e instituições privadas para a realização de trabalhos comunitários nas áreas de saúde, prevenção de acidentes, assistência social, educação, cidadania e direitos humanos.
Apesar de o foco do trabalho estar na região do Jabaquara, o Resgate Voluntário já prestou auxílio no socorro em diversas ocorrências em São Paulo, como a queda de avião da TAM em 1996, a explosão do Osasco Plaza Shopping e a queda do teto de um templo da Igreja Universal - acidentes que vitimaram centenas de pessoas.
Os voluntários da AGRV são cidadãos e cidadãs comuns, que doam uma média de 24 horas por mês e se revezam na forma de plantões. Para se tornarem voluntários de emergência, prestam concurso, fazem curso preparatório e aperfeiçoamento constante, que abrangem todos os procedimentos: de suporte básico à vida, técnicas de resgate e salvamento e administração de emergência e catástrofe.
Os recursos para os materiais e os equipamentos são obtidos através de doações, da venda de produtos como camisetas, broches e bonés e na cobertura de eventos de grandes proporções (como grandes shows), com serviços como brigada de emergência, primeiros socorros e salvamento.
Mesmo com 17 anos de atividades cujo valor é reconhecido pela comunidade, o Resgate Voluntário não conta com o apoio financeiro de nenhuma instituição. O projeto possui apenas uma ambulância, que não dá conta de atender a todas as pessoas que ligam para fazer pedidos de remoção. Júlio diz que este projeto não interessa às empresas pois não é de grande visibilidade para elas. No entanto, ele destaca a sua importância: "Se essas ações fossem expandidas, poderiam contribuir de maneira significativa para a diminuição da mortalidade entre a população. Muita gente morre por falta de ambulância, do atendimento em situações de emergência e da falta de informação sobre primeiros socorros."
Mais informações sobre o trabalho do Resgate Voluntário na página www.resgatevoluntario.org.br. Quem quiser colaborar com o projeto ou se tornar voluntário, pode entrar em contato também pelos telefones (11) 5021-3292 e (11) 5021-0262.
Mariana Loiola
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