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A Comunicação no Fórum

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Uma das maiores novidades nesta terceira edição do Fórum Social Mundial é o fato de a Comunicação ter sido alçada ao patamar de Eixo Temático – “Mídia, cultura e contra-hegemonia”. Cada um dos cinco eixos contará com painéis, onde palestrarão especialistas renomados em cada assunto. Estes painéis são o espaço onde se aprofundarão as discussões, propostas e estratégias que já são desenvolvidas pelas organizações participantes do Fórum. O aumento do espaço dado ao tema da Comunicação é um passo em direção ao reconhecimento que esta área merece, em função de seu caráter estratégico na própria construção de modelos alternativos ao atual – através do diálogo – como na difusão das alternativas e possibilidades para empoderamento das pessoas. Além disso, o exercício da Comunicação tem sido central no FSM desde seu início. O encontro vem conseguindo concretizar um modelo de divulgação das informações onde a comunicação não é centralizada ou homogênea. A Ciranda da Informação independente, por exemplo, permite que jornalistas e articulistas comuniquem de maneira colaborativa o dia-a-dia do Fórum, os múltiplos pontos de vista etc.

O novo eixo “Mídia, cultura e contra-hegemonia” terá painéis com os seguintes temas: Globalização, Informação e Comunicação; Estratégias para Democratização da Mídia; Novas Tecnologias e Estratégias para Inclusão Digital e Transformação Social; Produção Simbólica e Identidade dos Povos; Cultura e Prática Política; e Como podemos Assegurar Diversidade Cultural e Lingüística?. A RITS participa do painel sobre Novas Tecnologias e Estratégias para Inclusão Digital e Transformação Social, com a presença de seu diretor de tecnologia, Carlos Afonso - que também estará representando a APC, associação mundial da qual a Rits é membro.

A Agência Latino-americana de Informação (Alai) estará presente nos debates sobre comunicação, tanto nos painéis - onde Irene Leon toma parte na discussão sobre Estratégias para democratização da mídia – quanto nas conferências, onde Sally Burch falará na palestra que trata de Mídia e Globalização. “Por um lado, se vê a Comunicação como uma necessidade imperativa do próprio processo de organização do Fórum e das articulações sociais (a respeito, não é coincidência que o Fórum tenha nascido na era da Internet), e para a projeção política das propostas que emanam do FSM. Mas também, por outro lado, o Fórum deu a oportunidade de se analisar até que ponto a comunicação está no centro do próprio modelo econômico. Por isso, é também uma área onde a resistência social e a proposta de alternativas se tornam estratégicas”, diz Sally, expressando seu posicionamento e também o da Alai. Burch destacará em sua palestra a proposta de agenda social em comunicação que a Alai vem sugerindo desde o Fórum Social Mundial 2002.

Democratização da comunicação

Também engajado na discussão sobre mídia, cultura e globalização está o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que irá realizar o seminário “Comunicação para o Exercício da Cidadania”, de 24 a 27 de janeiro, em Porto Alegre. Segundo James Görgen, membro da secretaria do FNDC, o debate é necessário no atual contexto pois “a democratização não aconteceu na comunicação, ao contrário de outras áreas da sociedade”. O evento está estruturado em quatro áreas gerais: “A disputa da estruturação dos Sistemas de Comunicação”; “Comunicação, Regulamentação e Controle Público”; “Capacitação da Sociedade e dos Cidadãos para o Conhecimento e a Ação”; e “Comunicação e Cultura na Contemporaneidade”. Para o primeiro dia, está programada a participação do Ministro das Comunicações, Miro Teixeira. A idéia do evento é promover os debates na parte da manhã e encorajar a participação em uma das quinze oficinas relacionadas ao tema do evento (propostas ou não pelo FNDC), na parte da tarde.

O seminário pretende colocar em pauta um tema que foge à atenção do grande público, mas que terá relação direta com a democratização do acesso aos meios de comunicação: a discussão sobre a TV digital no Brasil. James explica porquê: “Com a chegada da TV digital, é possível que um canal de radiodifusão atual comporte até 10 canais de TV digital. Com mais canais, mais gente poderá ter acesso aos meios de comunicação. Discussões como esta – que inclui a escolha de resolução, do padrão etc. - ainda não estão acontecendo como deveriam”. As definições sobre a TV digital no Brasil estavam previstas para 2003, porém o novo ministério pretende adiar esta data.


Maria Eduarda Mattar

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