Autor original: Mariana Loiola
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A proposta de substituir as brincadeiras promovidas nas entradas de calouros nas universidades por ações voluntárias ganha mais força a cada ano. Realizada desde 1998 pela Federação Nacional de Estudantes de Administração (Fenead), a campanha Trote Cidadão já mobilizou mais de 100 mil universitários espalhados em mais de 220 faculdades brasileiras. A campanha deste ano começou em janeiro, vai até setembro e vale para os dois semestres. O Trote Cidadão 2003 sugere atividades recreativas baseadas no tema "Educação & Meio Ambiente".
A idéia do Trote Cidadão surgiu quando um grupo de estudantes de Administração de São Paulo conversava sobre a violência e outros problemas que os trotes causavam. A partir daí, pensou em como poderia minimizar esses problemas. No início, a campanha era baseada na arrecadação de materiais, como alimentos e livros, para instituições sem fins lucrativos. Depois, passou a promover uma maior integração entre o universitário e a comunidade externa. No primeiro ano, mobilizou apenas faculdades de São Paulo e somente seis participaram. Como a Fenead tem representação em todo o Brasil, a campanha ganhou a adesão de outros estados com o decorrer dos anos. Dos números contabilizados, já foram arrecadados no total 50 toneladas de alimentos, duas mil bolsas de sangue para doação e restaurados 40 locais públicos.
A intenção não é apenas evitar a violência que muitas vezes ocorre em trotes tradicionais. É também que esta ação tenha impacto social na sociedade. Coordenadora nacional do Trote Cidadão 2003 e estudante do último período do curso de Administração da Faculdade Única, em Florianópolis, Monique Mallon observou que, desde a adoção do Trote Cidadão pela sua faculdade, surgiram várias iniciativas de estudantes voltadas para causas sociais. "O trote pode ser um passo inicial para que, no futuro, o estudante desenvolva e proponha ações de comprometimento social."
Para elaborar o material de divulgação da campanha, a Comissão Organizadora do Trote Cidadão 2003 buscou apoio técnico e institucional de ONGs ambientalistas como a Fundação Gaia, a Universidade da Água, Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá), Instituto Ecoar e Instituto Voluntários em Ação e da Embrapa. Outras instituições já estão sendo contatadas para colaborarem na disseminação da campanha.
A coordenadora explica que a equipe responsável pela campanha oferece informações e sugestões (através de reuniões e palestras) e todo o suporte necessário (manuais, cartilhas de educação ambiental, modelos de camisetas, sementes para plantio etc.), para que as faculdades desenvolvam as atividades propostas. Por outro lado, é essencial que haja uma mobilização dos estudantes, através do Centro Acadêmico, juntamente com a direção da faculdade, para a organização das atividades.
Na campanha deste ano, são sugeridas visitas a escolas públicas, para a realização de dinâmicas com as crianças, como brincadeiras, plantio de árvores e pintura de muros. Outra sugestão, que deve agradar os estudantes, é a realização de trilha ecológica para recolher o lixo em uma praia e um lual para concluir a dinâmica e fazer a festa dos calouros. "Não queremos tirar diversão dos estudantes", garante Monique. Doação de sangue e gincanas para arrecadação de alimentos também são atividades indicadas pelo Trote Cidadão em busca da educação de uma nova cultura. "Existem diversas possibilidades. Tudo dependerá da adaptação do tema à realidade local. O importante é que o estudante não fique fechado na sua universidade", afirma.
Segundo Monique, a expectativa para este ano é muito boa. "Esperamos mobilizar 150 faculdades e ter a participação de 16 mil calouros. Mas acho que ultrapassaremos este número, pois mal iniciamos a campanha e já temos a adesão de 50 faculdades", diz.
Para participar do Trote Cidadão 2003 e obter mais informações, entre em contato pelo telefone (48) 334-6649 ou pelo correio eletrônico trote@fenead.org.br.
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