Autor original: Marcelo Medeiros
Seção original: Novidades do Terceiro Setor
Alterar leis e incluir determinada parcela da população em políticas públicas é a missão de muitas organizações sociais. O problema é como fazer isso estando distante de Brasília (centro do poder e das tomadas de decisão) e sendo o trabalho de convencimento de parlamentares caro e demorado – afinal, estadia de representantes das organizações na capital federal custa dinheiro. Pensando nessas dificuldades foi criada no final de 2002 a Ágere, uma organização sem fins lucrativos que faz o trabalho de advocacy em nome de ONGs no distrito federal ou as capacita para que elas ajam no âmbito estadual ou municipal.
Apesar de ter apenas meses de atividaes, entre as entidades que já são parceiras da Ágere estão a Transparência Brasil, o Geledés – Instituto da Mulher Negra e Instituto Aliança com o Adolescente. O trabalho é simples e consiste basicamente em levar adiante uma proposta da organização parceira (ou contratante). “Somos uma ponte entre as ONGs e o Congresso”, resume Iradj Eghrari, um dos diretores da Ágere.
A instituição interessada em um determinado tema o apresenta à Ágere, que a partir daí estuda o assunto e passa a mapear os deputados e senadores que poderiam se posicionar a favor dele. A organização se apresenta como porta-voz da ONG contratante. Em seguida, o orçamento referente ao tema é detalhado a fim de saber onde há possibilidades de alteração ou inclusão de emendas tanto na redação quanto nos investimentos. Feito este trabalho, a Ágere redige propostas a serem enviadas ao Congresso, com alguns integrantes da casa possivelmente favoráveis às novidades já tendo sido mapeados e informados sobre os anseios da organização proponente. Antes, porém, elas são enviadas à contratante para aprovação.
Um exemplo é o caso do Geledés – Instituto da Mulher Negra. A entidade combate o racismo e o sexismo e defende a valorização e promoção das mulheres negras na sociedade. Com esse objetivo, encomendou à Ágere a promoção de seu público em políticas de capacitação feminina. Foi feita, então, uma pressão para pedir especificidade para a mulher negra nos textos dos ministérios.
Dificuldades
De acordo com Eghrari, as pessoas tinham uma impressão errada de como influenciar o poder público. “Pensavam que bastava conhecer deputados e reclamar com eles. É bem mais complicado”, diz. Para ele, fazer mudanças no orçamento, sugerir e aprovar leis constitui um trabalho difícil, pois o dinheiro é curto e os interessados são muitos. “Temos que enfrentar outros lobbys de empresas, organizações e interesses políticos dos congressistas”, lembra.
A vantagem da Ágere é a flexibilidade, pois para fazer o mesmo trabalho seria necessário contratar assessores, instalar um escritório em Brasília e bancar muitas viagens de dirigentes. Por isso mesmo, seu potencial de crescimento, segundo Eghari, é grande. O instituto tem capacidade de trabalhar com até 20 projetos ao mesmo tempo, mas a expectativa é ter dez até o fim do ano.
Os recursos vêm das organizações parceiras (contratantes) ou de financiadores externos. A Ágere faz também capacitação para organizações que queiram realizar advocay em estados ou municípios. Para entrar em contato com o Ágere, basta enviar e-mail para agere@terra.com.br ou telefonar para (61) 248-4742. O endereço eletrônico da organização é www.agere.org.br
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