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Guardiões do Oceano

Autor original: Mariana Loiola

Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor








Preparar cidadãos para preservarem a natureza, cuidando da sua cidade - este é o sonho de Juliana Cortez, de 25 anos, idealizadora e coordenadora do projeto Barco-Escola para a formação de Guardiões do Oceano. O projeto tem como objetivo formar jovens entre 13 e 15 anos em agentes multiplicadores de intervenção local, para a conservação do litoral norte do estado de São Paulo. Os "guardiões" devem estar aptos a contribuir para a proteção das praias e o mar da cidade de Ubatuba - onde o projeto está presente - e também a participar de projetos ambientais em toda a extensão do litoral norte do estado.


O projeto nasceu da paixão de Juliana pela beleza natural do lugar e da sua vontade de vê-lo preservado. Formada em turismo e com especialização em educação ambiental, Juliana é da cidade de São Paulo, mas desde criança freqüentava Ubatuba nas férias, junto com a família. Em fevereiro de 2002, deu início ao seu projeto piloto que, em quatro meses, formou 30 alunos. O projeto conta com a parceria da Fundação de Estudos e Pesquisas Aquáticas (Fundespa), Fundação Alavanca (que cede o espaço para as aulas), Associação de Monitores de Ecoturismo de Ubatuba (Ameu) e apoio financeiro da iniciativa privada. A idéia é que os alunos assimilem a importância de conservar a sua cidade e de criar limites para o crescimento do turismo, que embora impulsione a economia local, também pode ameaçar a sua beleza, quando polui o meio ambiente.









O trabalho é feito através de aulas que incluem dinâmicas de grupo, oficinas de aquarela, pintura, teatro e exibição de vídeos de preservação ambiental, que visam promover reflexão e estimular o senso crítico dos alunos sobre meio ambiente e educação ambiental. Saídas de escuna para Ilha Anchieta complementam as aulas, possibilitando aos alunos a prática de atividades como trilhas e mergulhos livres e a participação em palestras sobre o ecossistema Mata Atlântica e a história do município de Ubatuba. Juliana conta que, mesmo morando lá, os alunos - a maioria proveniente de famílias de baixa renda - nunca tinham andado de barco, ferramenta que ela considera fundamental para se conhecer a vida marinha e despertar o interesse de zelar pela sua preservação.


Para participarem do projeto, os adolescentes podem ser de ambos os sexos, têm que ter entre 13 e 15 anos, estar matriculados em alguma escola pública de Ubatuba, saber nadar e ter autorização dos pais. A seleção, realizada pela Fundação Alavanca, inclui ainda entrevistas para avaliar o grau de interesse dos alunos. A primeira turma desenvolveu algumas ações de intervenção local, para colocar em prática o que aprenderam no curso: limpeza de mangue, reivindicação de coleta de lixo junto à associação de moradores e a Prefeitura e palestras de conscientização ambiental em escolas.


No momento, o projeto está em fase de replanejamento e captação de recursos, e as atividades recomeçarão em abril. Desta vez, 60 alunos serão formados. O financiamento inicial é de seis meses, mas a expectativa é de conquistar novos apoios para dar continuidade e formar novas turmas.


Neste ano, Juliana pretende realizar uma articulação mais eficiente: consolidar a parceria com a rede municipal de ensino, o poder público local e as direções das escolas, e verificar como cada um desses atores pode ajudar. Esta nova etapa vai incluir aulas de laboratório, formação em educação ambiental para os professores das escolas e curso profissionalizante de ecoturismo para os jovens formados, para que os "guardiões" possam gerar renda atuando como guias.


Atualmente, o projeto atua apenas em Ubatuba, mas a coordenadora diz que a intenção é expandi-lo para outras cidades do litoral norte de São Paulo, com características semelhantes: todas sob ações de ocupação irregular, desenvolvimento desordenado do turismo, especulação imobiliária e degradação ambiental dos rios e das praias. "A população dessa região, que cresceu em 60% dos anos 90 para cá, acha que não existe risco ambiental no local. É necessário mobilizar os moradores para modificarem os seus hábitos, não apenas para evitarem danos ambientais, mas também para melhorarem a sua qualidade de vida", diz.


Mais informações sobre o projeto Barco-Escola para a formação de Guardiões dos Oceanos podem ser obtidas pelo correio eletrônico julianacortez@uol.com.br.


 


Mariana Loiola

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