Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
Informação é o primeiro passo utilizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) para prevenir o uso e o abuso de drogas. Uma das estratégias nesse sentido é a realização de concursos nacionais, com o objetivo de estimular a reflexão sobre questões relativas ao assunto e mobilizar a sociedade para a prevenção. Os concursos acontecem anualmente, desde 1999, e abrangem diversos públicos e faixas etárias, com temas variados. Em 2003 serão concursos em cinco modalidades: jornalismo, fotografia, jingles, cartazes e um voltado para universitários. Os três primeiros são novidade deste ano. Os prêmios variam entre R$ 500 e R$ 5 mil.
A coordenadora geral de prevenção da Senad, Vanessa Vasconcelos, diz que, para ser um instrumento de prevenção eficaz, a mensagem contida nos trabalhos tem que ser clara, objetiva e sem tabus. Mitos como o de que alcoolismo é vagabundagem, de que a primeira experimentação vicia e de que o uso esporádico de maconha é motivo para internação (como muitos pais fazem os filhos acreditarem) devem dar lugar a um outro nível de diálogo, sem preconceitos. "Ampliar a visão das pessoas em relação ao assunto é a melhor forma de começar um trabalho de prevenção", diz.
O concurso de jornalismo – que tem como tema central "A informação é a melhor prevenção" - pretende avaliar o modo como são retratados nas matérias os fatos e acontecimentos relacionados à prevenção do uso indevido de drogas. No caso do concurso de jingles, as peças deverão fazer da música um instrumento de prevenção.
Tanto no concurso de fotografia quanto no de cartazes, as imagens e mensagens deverão sugerir como a vida é boa sem drogas. O concurso de fotografia – cujo tema é "Uma máquina na mão e uma imagem de prevenção" - buscará imagens que representem a valorização da vida e a prevenção do uso de drogas. Já o concurso de cartazes – com o tema "Sou vivo, não uso drogas" -, voltado para alunos de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, tem a intenção de saber como as crianças pensam e entendem a problemática do uso indevido de drogas. Esse público, segundo a coordenadora, é o mais importante para se trabalhar a prevenção. Divulgado para escolas públicas e particulares através das secretarias de educação, o concurso de cartazes sempre teve grande adesão. O incentivo surge, principalmente, de discussões promovidas em sala de aula, com a participação dos professores.
Realizado pela Senad em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), com o Grupo Interdisciplinar de estudos de Álcool e Drogas (Grea/USP) e com a Fundação Zerbini, o concurso voltado para universitários exigirá que os participantes elaborem um programa de prevenção do uso indevido de drogas que atenda à realidade da universidade em que estudam. Segundo o presidente executivo do Ciee, Luiz Gonzaga Bertelli, os projetos feitos pelos estudantes devem primar por três aspectos: originalidade, viabilidade de execução e aspectos científicos. Apesar destes requisitos, não será exigida, inicialmente, a execução dos trabalhos. No entanto, na opinião de Luiz, um estudante que se dedica a um projeto de combate às drogas dentro da sua própria faculdade, mostrando os meios de fazê-lo e obstáculos a serem vencidos terá "a faca e o queijo na mão". Por isso, na sua opiinão, deve ser alto o número de universitários que colocarão em prática seus projetos. "Acreditamos que o jovem que encara o nosso concurso quer mudar uma situação", diz.
As mensagens dos trabalhos de todos os concursos também podem ser relativas ao consumo de cigarro, álcool e outras drogas lícitas, informa Vanessa. Ela cita um levantamento domiciliar realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), que detectou aumento do uso de álcool, e início cada vez mais precoce. "Uma das metas da Senad é estar mais atento ao consumo dessas drogas", afirma.
Para ajudar os participantes no desenvolvimento dos seus trabalhos, a coordenadora recomenda uma pesquisa sobre o assunto no Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) (ver link ao lado). Os trabalhos poderão ser incluídos, no futuro, em publicações produzidas pela Senad para a Campanha Nacional Antidrogas, como cartilhas, cartazes e folhetos.
Vanessa lembra que informação não é tudo. "O fato de a pessoa usar ou não drogas não depende apenas da informação que ela tem sobre o assunto, e sim de outros fatores como qualidade de vida, condições de acesso ao lazer e à saúde, além das relações com a família e os amigos", explica. A intenção da Senad é de que os concursos possam levantar alguns questionamentos, fazer a sociedade começar a pensar no assunto, ampliar a visão sobre a prevenção de drogas, para, então, dar seguimento a projetos de prevenção que sejam contínuos e não pontuais. O presidente do Ciee cita o exemplo do público universitário, que já tem um bom nível de informação sobre o assunto e, mesmo assim, é grande consumidor de drogas: "Não adianta nada o jovem saber que droga faz mal, que o efeito de bem-estar ou euforia é químico e passageiro, que ele pode ficar irremediavelmente preso ao vício, se ele não tiver consciência global de seus atos. É preciso que se processe toda essa informação que se tem em favor da criação de uma consciência social".
O prazo para inscrições para os concursos da Senad vai até 31 de março, com exceção do concurso para universitários, cujo prazo termina em 31 de maio. A premiação de todos os vencedores acontecerá durante a Semana Nacional Antidrogas, em junho. Para solicitar esclarecimentos com relação aos concursos, o contato com a Senad deve ser feito por meio do telefone 0800-614321.
Mariana Loiola
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