No ar, com os pés no chão

Autor original: Fausto Rêgo

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

Assim como o sisal encontrou condições ideais para se desenvolver na Bahia, também as comunidades que vivem do seu plantio querem um ambiente favorável para cultivar a semente de um futuro melhor. Nesse terreno fértil, uma idéia brotou e começa a gerar frutos. É a Central Cyberela de Comunicação, resultado da ação conjunta dos projetos Comunicação Juvenil (iniciativa do Movimento de Organização Comunitária, com apoio do Instituto Credicard e do Unicef) e Cyberela (numa parceria entre o Cemina e a Rádio Comunitária Arcos).

A sede da instituição, que vai ser inaugurada com festa no próximo dia 11 de abril, em Retirolândia, deve funcionar como um pólo de cultura e informação, com várias ramificações: desenvolvimento de boletins impressos, assessoria de comunicação para empresas e entidades, produção e gravação de CDs de artistas locais e realização de campanhas ou spots para veiculação em rádios comunitárias e comerciais.

"Estamos com três computadores – um deles com acesso à Internet em banda larga –, duas impressoras, material didático e uma rádio móvel", informa Nayara Silva, coordenadora jovem do projeto Comunicação Juvenil e uma das pessoas responsáveis pela Central.

A Rádio Móvel Comunicação Juvenil, aliás, vem proporcionando experiências estimulantes. Recentemente, em uma oficina sobre rádio realizada durante o I Simpósio Feirense de Gênero e Diversidade, na Universidade Estadual de Feira de Santana, estudantes e professores utilizaram os equipamentos para fazer um programa ao vivo, colocando em prática o que havia sido debatido.

A Central mantém ainda um estúdio profissional de gravação. "Nosso objetivo é atender a demanda de artistas que fazem um trabalho de qualidade em suas comunidades e que precisam ter um espaço", explica Nayara. Dois CDs já foram gravados e os artistas estarão se apresentando no dia da inauguração. São eles: o Grupo de Reisado de Cabaceiras, de Conceição do Coité, e o cantor gospel Ediney Santos, de Retirolândia. Mas as atividades do estúdio não param por aí: a Central de Comunicação Cyberela já assina alguns spots e campanhas de rádio.

"Também temos dois boletins informativos impressos por município. Eles são produzidos nas próprias comunidades, depois nós fazemos uma revisão final e entregamos de volta pra eles. Fazemos também um trabalho com rádios e editamos em CD o informativo semanal Comunicação Juvenil, com notícias sobre temas diversos, e o informativo do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), que é mensal. Esses informativos são distribuídos para rádios comunitárias e comerciais da região", esclarece Nayara.

A Central Cyberela é, na verdade, a extensão de um trabalho que vem sendo desenvolvido já há algum tempo e que identificou a dificuldade de comunicação como um dos principais problemas das comunidades da região sisaleira e do Vale do Jacuípe. Os participantes – todos na faixa etária de 14 a 22 anos – começaram a ser selecionados em setembro de 2001, com o envolvimento de sindicatos, associações e entidades comunitárias. No ano seguinte, foram iniciadas as atividades de capacitação. Hoje, 32 jovens estão trabalhando no projeto Comunicação Juvenil.

Com raízes firmes nesse projeto, a Central Cyberela de Comunicação começou a ganhar vida a partir do esforço de cada um desses rapazes e moças. Eles mesmos cuidaram da elaboração, do planejamento e da captação de recursos. São também os encarregados da administração. E poderão ser ainda, se a semente vingar, os responsáveis por uma nova safra de cidadãos.

Para fazer contato com a Central Cyberela de Comunicação, mande um e-mail para centralcyberela@bol.com.br ou centralcyberela@estadao.com.br.

Fausto Rêgo