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Brasil sustentável com pressão por educação ambiental

Autor original: Mariana Loiola

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Começou com uma grande vitória a campanha iniciada pelas redes de educação ambiental, em reação à extinção da Coordenadoria de Educação Ambiental (Coea), do Ministério da Educação (MEC), em março. A campanha "Brasil Sustentável só com Educação Ambiental" começou suas atividades em abril, mobilizando educadores ambientais de todo o país para enviarem protestos ao MEC e ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) pelo fim da Coea.


A justificativa para a extinção da coordenadoria havia sido a necessidade de transformá-la em divisão, para se ajustar às reformas da administração pública do início do ano. No entanto, Ministro da Educação, Cristóvam Buarque - não sem uma ajuda da pressão da campanha - reconheceu que o fim da Coordenadoria poderia prejudicar a inserção e o fortalecimento da educação ambiental no sistema de ensino e decidiu reativar a Coordenadoria, no último dia 17.


Para Viviane Amaral, gerente da Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), o sucesso da campanha se deve à utilização da Internet, que permitiu o alcance de uma grande área de atuação. A divulgação, a mobilização e articulação se deram basicamente através das listas de discussão das redes de educação ambiental. "Nesta campanha ficou bem visível a importância da Internet para os trabalhos das redes", diz. Outro fator que contribuiu, segundo ela, foi o perfil do Ministro da Educação, por ter "sensibilidade, coragem de admitir o erro e voltar atrás na sua decisão".


Campanha sustentada


Apesar dessa conquista, a mobilização continua, pois as reivindicações não se resumem apenas à reativação da Coordenadoria. Os educadores ambientais querem ainda consolidar um canal de interlocução entre o MEC e a comunidade de educadores ambientais; a discussão pública da política de educação ambiental do atual governo e o cumprimento das determinações da Política Nacional de Educação Ambiental, a lei 9795/99, e do decreto nº 4281/2002, principalmente no que toca à transversalidade em todos os níveis do ensino - desde o fundamental até o universitário. "Não se pode ter transversalidade ou interdisciplinaridade sem que a abordagem do conhecimento seja sistêmica", afirma Viviane.


Segundo ela, a lei, que foi regulamentada em 2001, está esquecida. "A lei não pôde ser implementada pois o sistema educacional no Brasil está muito fragilizado, pela má condição das escolas, falta de formação dos professores, ausência de laboratórios, entre outros problemas", diz. Assim, a campanha pretende trabalhar agora para que as diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental sejam implementadas, principalmente com a participação das redes e organizações de educadores ambientais. Estarão em pauta nas reivindicações a revisão dos currículos escolares, a reciclagem de professores e o trabalho em conjunto do MEC e do MMA.


Em breve, será marcado um encontro com o Ministro da Educação. Na ocasião, a iniciativa pretende apresentar a Buarque as propostas já elaboradas pelos educadores ambientais nos poucos dias de vida da campanha, que dizem respeito à defição de um canal de comunicação permanente com o MEC. As propostas foram produzidas em reuniões por estado, realizadas para articular o posicionamento regional e local em relação à política do MEC.


Permanece a luta para que a educação ambiental seja tratada como instrumento para a sustentabilidade e espera-se que o novo governo continue a dar mais abertura à discussão sobre assunto.


Mais informações em www.rebea.org.br e pelo correio eletrônico rebea@uol.com.br.


 


Mariana Loiola

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