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Jovens em Movimento

Autor original: Marcelo Medeiros

Seção original: Novidades do Terceiro Setor

No dia 26 de abril, jovens fluminenses e organizações que trabalham com causas da juventude no estado se reuniram no primeiro encontro “Jovens em movimento – tecendo redes de participação da juventude”. Realizado na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), o evento teve como objetivo iniciar os trabalhos para a criação de uma Rede de Jovens do Rio e discutir novas formas de participação juvenil em políticas públicas.


Esse primeiro encontro, idealizado depois de uma oficina realizada no III Fórum Social Mundial, serviu para que as 20 organizações participantes e as 150 pessoas presentes – entre elas jovens e estudiosos da participação da juventude na política e na vida pública - se conhecessem melhor, trocassem algumas idéias e fizessem propostas sobre as formas de organização da rede e sua atuação. Entre os temas abordados estão a lei do passe livre em ônibus, a necessidade de haver políticas públicas universais e também focadas na juventude e a organização de um fórum popular de juventude no estado do Rio de Janeiro. Os presentes também discutiram as atividades dos grupos, dificuldades e necessidades de suas áreas. Foi sugerido um novo encontro no fim de maio, com intuito de aprovar propostas e começar efetivamente os trabalhos.


Apesar de poucas decisões, a reunião não foi tempo perdido. Para Iara Amora dos Santos - de 18 anos e participante do Núcleo de Juventude do Centro de Apoio à Mulher Trabalhadora (Camtra) há quatro - a manhã de sábado serviu para conhecer novas realidades. “Gostei de conhecer gente de diversos locais e segmentos. Geralmente pensamos na participação dos jovens apenas nas escolas e partidos”, diz. Para ela, esse contato fortalece articulações e explicita o que os jovens querem.


A percepção de Iara é complementada por Paulo Carrano, coordenador do Observatório Jovem da UFF, uma das entidades que idealizou o encontro. Segundo Carrano, o senso comum acredita que o jovem não quer participar da vida política da sociedade, querendo apenas festa. “Mas não acredito nisso”, afirma, para depois concluir: “Na verdade os jovens não encontram espaço. As instituições que reclamam deveriam se repensar. Estudos mostram que eles querem participar, mostrar sua linguagem, fazer seu tempo. O problema é que as formas tradicionais não conseguem fazer isso”. Carrano vê a organização em rede como uma forma melhor para envolver a juventude pela ausência de hierarquia, além da possibilidade de atingir mais facilmente os objetivos propostos e montar subredes.


Além da organização, outros fatores são apontados como responsáveis da baixa participação dos jovens. Iara, que atua com jovens de bairros de baixa renda do Rio, aponta a necessidade de sobrevivência de pessoas da mesma idade que a sua como um fato importante para a falta de engajamento. “A maioria é interessada, participa sempre que pode. O difícil é ter uma participação mais contínua, pois falta tempo por causa do trabalho, dos estudos etc”.


Já Patrícia Lanes, do Ibase, aponta a falta de espaço para debates como uma causa importante. Para ela, o espaço urbano está esvaziado politicamente e cheio de preconceitos que dificultam o confronto de idéias. “Há muitos locais de encontro de jovens diferentes, mas poucos onde é possível debater”, diz. Lanes afirma ainda não haver uma só juventude, mas várias, que não necessariamente são dissonantes e por isso devem se encontrar mais para conversar.


A intenção de formar a rede de jovens do Rio é justamente atingir esse objetivo e estimular a mudança de perspectiva da juventude nas políticas públicas. “Estamos diante de um momento de mudança e esse ponto não pode ser diferente. Os jovens devem ser atores do processo de construção e implementação de políticas e não apenas ser alvo delas”, explica Carrano, para quem é necessário criar uma cultura de encontro por meio dessa rede. “A formação dela, pautada pela própria juventude, pode representar mudanças reais nos planos de ações para as políticas para esse segmento”, resume Marjorie Botelho, do Instituto de Imagem e Cidadania.


Assim esperam os jovens nós da rede.


 


Marcelo Medeiros

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