Autor original: Mariana Loiola
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
Maior produtora nacional do cacau, a região que abrange o sul e o extremo sul da Bahia sofre com o crescimento da miséria desde a crise desse produto, na década de 90. Trabalhadores rurais desempregados migraram com as suas famílias para os principais centros urbanos da região, onde se formaram cinturões de favelas. "Acompanhamos o desenrolar desta crise diariamente e vimos os governos federal e estadual simplesmente passarem como observadores por quase todos os anos de crise", conta o economista Sebastião Brandão, presidente da Agência para Promoção do Desenvolvimento Sustentado (Prodesul).
Justamente para melhorar as condições de vida da população migrante, através do desenvolvimento sustentado, a Prodesul foi criada por Sebastião e mais 11 profissionais de diversas áreas, sensibilizados com a situação das 250 mil famílias expulsas ou compelidas a sair das zonas rurais dos municípios produtores de cacau.
Constituída em setembro de 2000, a Prodesul busca trabalhar em parceria com as associações e organizações criadas pelas comunidades, e apoiar a criação de novas, se necessário. A entidade convida as organizações para avaliarem as suas necessidades, ganharem experiência e estudarem soluções, com a intenção de ajudá-las no desenvolvimento de seus projetos. Essa ajuda pode ser com a elaboração de projetos, captação de recursos, gestão etc.
A Prodesul conta com pessoal qualificado na economia, educação, direito, administração, ciências contábeis, meio ambiente, sociologia e agronomia. Todos são voluntários. No entanto, para dar início à implementação das ações planejadas, ainda falta o apoio financeiro. Por enquanto, a entidade está em fase de captação de recursos. Sebastião diz que ainda não encontrou nenhum apoio do governo, que facilite a obtenção de fundos. Segundo ele, as iniciativas públicas e privadas da região sempre tiveram interesses externos.
As açõesAs soluções planejadas pela Prodesul - através da intervenção no trabalho das organizações - visam ao desenvolvimento integral das comunidades. "Estaremos atuando em qualquer área que possa amenizar os problemas do grande contingente populacional que está, literalmente, marginalizado pelo sistema", afirma Sebastião.
A prioridade da entidade é a criação de oportunidades de emprego e renda, com o desenvolvimento de hortas comunitárias nas favelas, apoio ao artesanato, agricultura familiar, microcrédito e cursos de capacitação profissional para os jovens. A entidade já dispõe de cinco salas de aula para implantar os cursos de capacitação. Cerca de 20 cursos estão previstos, como o de fabricação de doces caseiros, alimentação alternativa, fabricação de farinha, corte e costura, entre outros.
Na área educacional, a Prodesul pretende apoiar a melhoria da qualidade do ensino nas escolas públicas, auxiliar na criação de escolas rurais para barrar o êxodo rural e criar, juntamente com associações de moradores, bibliotecas digitais e tradicionais em bairros carentes. Estão planejadas ainda atividades para a retirada de crianças e adolescentes das ruas; a criação de centros de recuperação de adolescentes e jovens das drogas, prostituição e pequenos furtos; e a criação de espaços culturais para ampliar as alternativas de lazer.
Tendo em mente a necessidade de contemplar o máximo possível de aspectos que dizem respeito à vida das famílias marginalizadas, a atuação da Prodesul prevê ainda diversas ações relacionadas ao meio ambiente. Alguns exemplos são cursos de educação ambiental, além de preservação das nascentes e de rios, o plantio de árvores em pastagens, reciclagem, alternativas de sobrevivência para as pessoas que vivem dos lixões e uma série de outras ações de defesa do meio ambiente.
"Nosso planejamento é vasto e as alternativas em cada município são diferenciadas", afirma Sebastião, que teme frustrar a expectativa dessas populações. A Prodesul continua aguardando a resposta de possíveis financiadores e elaborando novas propostas. "No início, nós íamos até as comunidades. Agora, elas é que vêm até nós e trazem as suas propostas. E depositam uma esperança muito grande no nosso projeto. Da nossa parte, não pouparemos esforços".
Para colaborar com o projeto ou saber mais sobre o trabalho da Prodesul, entre em contato pelo telefone (73) 292-0800 ou através do correio eletrônico prodesul@uol.com.br.
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