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Dia 13 de maio e reflexão

Autor original: Maria Eduarda Mattar

Seção original: Notícias exclusivas para a Rets

Apesar de o dia 13 de maio (que marca a abolição da escravatura) não ser considerado por muitos dos integrantes dos movimentos negros como uma data a ser comemorada, a efeméride é sempre associada à causa negra. Tanto que vem sendo tida como o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo. De qualquer maneira, se não deve ser celebrada, serve ao menos para reflexão. Assim, diversas novas iniciativas surgem nos dias que cercam o dia 13, além de eventos e atos para marcar a data.

Exemplo disso são alguns eventos realizados no final de abril e na primeira quinzena de maio. No dia 25 do mês passado foi realizada a mesa-redonda "Os negros na formação do povo brasileiro", na Assembléia Legislativa de São Paulo, e, logo em seguida, no dia 26, aconteceu o seminário "Leis que temos, leis que queremos", na mesma instituição. No dia 9 de maio, o seminário de Políticas Públicas para Candomblé e Umbanda tomou a Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo. Já grupo Quilombhoje Literatura e o grupo Afrosan - Associação Cultural dos Afrodescendentes da Baixada Santista lançaram no último dia 10 o livro "Cadernos Negros volume 25 - Poemas Afro-Brasileiros". Outros eventos aconteceram na semana do dia 13, como o encontro com o tema "Isabel: Culpada ou Inocente? A Lei áurea e Suas Conseqüências Para a População Afro-brasileira", ocorrido no próprio dia 13 no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo; e o seminário "Políticas de Ações Afirmativas", na Câmara Municipal de Hortolândia (SP), no dia 14.

Alguns cursos também estão programados para fortalecer o debate sobre os assuntos que interessam os movimentos negros. No próximo dia 18, tem início uma capacitação organizada pela ONG Unegro - União de Negros Pela Igualdade, no Centro Social Urbano Alto da Boa Vista, em Bebedouro, em São Paulo. Mais informações pelo correio eletrônico comunidadenegra@mdbrasil.com.br. Já o VI Curso Avançado sobre Relações Étnicas, Raciais e Cultura Negra será realizado de 21 de julho a 8 de agosto de 2003, com carga horária semanal de 40 horas. A data final para inscrição é 26 de maio. A capacitação é organizada pelo Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO/UFBA) e pelo Centro de Estudos Afro-Brasileiros - (CEAB/UCAM). Mais informações pelo telefone (71) 322-6813, pelo correio eletrônico fabricadeideias1@ig.com.br ou no site www.ceao.ufba.br/fabrica/index.htm.

No dia 21 de maio, será inaugurado o projeto Griots - Memória da Arte do Povo Negro, criado pela Escolinha de Arte do Brasil com o objetivo de, através da vivência da produção artística, poder-se reconstruir a trajetória e a história da população negra de maneira lúdica e construtiva na formação da cultura nacional. Serão contempladas várias formas de vivenciar a criação da arte de origem negra, principalmente através do depoimento, do relato oral como uma metodologia para o conhecimento da realidade social. Mais informações pelo telefone (21) 2295-4898 ou pelo correio eletrônico centrogriot@hotmail.com.

Ainda tedo como gancho as celebrações que envolvem o dia 13, será assinado no dia 22 de maio um convênio de intercâmbio entre as universidades brasileiras, USP e UFBA, e as universidades norte-americanas Howard University (Washington DC) e Vanderlbilt (Tennessee). O convênio representa um avanço no reconhecimento das desigualdades sociais que ainda afligem a população negra e aponta para a possibilidade do desenvolvimento de pesquisas e políticas públicas direcionadas ao combate do racismo.

Finalmente, o espetáculo teatral "Candaces - a reconstrução do fogo" (que está sendo encenado no no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio de Janeiro) fala da bravura cotidiana da mulher negra, destacando as problemáticas contemporâneas da comunidade negra. Questões como preconceito, mercado de trabalho, cidadania e educação são enfocadas na cena, tudo emoldurado pelos rituais de dança e toques de candomblé. A peça é encenada pela Cia dos Comuns, grupo teatral criado e liderado pelo ator Hilton Cobra, formado exclusivamente por atores e atrizes da raça negra. As apresentações o mito das candaces "rainhas e guerreiras negras que viveram antes da era cristã como soberanas do Império Méroe", para abordar a bravura da mulher negra. O espetáculo ficará em cartaz até o dia 28 de maio, e os ingressos custam entre R$ 1 e R$ 5.


Maria Eduarda Mattar

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