Autor original: Fausto Rêgo
Seção original: Serviços de interesse para o terceiro setor
Organizações e projetos recém-criados vivem, com freqüência, um dilema: de um lado, justamente por serem novidades, ainda precisam conquistar a confiança de potenciais investidores; de outro, porém, carecem de recursos para levar seu trabalho adiante e demonstrar sua efetividade. Fortalecer essas iniciativas é uma das propostas do Fundo para Pequenos Projetos Inovadores e em Fase Inicial, da Global Knowledge Partnership (GKP) – entidade sediada na Malásia que congrega uma série de organizações (públicas, privadas e do terceiro setor) de todo o mundo e explora o potencial das tecnologias de informação e comunicação (TICs) em prol do desenvolvimento sustentável e da redução da desigualdade.
Serão beneficiados pequenos projetos-piloto – com foco nos países em desenvolvimento – que facilitem inovações com o uso das TICs, estimulando o crescimento e o amadurecimento da participação da sociedade civil. O orçamento não deve ser superior a US$ 25 mil. A prioridade será para iniciativas de grupos minoritários ou em situação de desvantagem, como jovens, mulheres, comunidades indígenas ou de baixa renda. Os interessados em obter o financiamento, que conta com o apoio da Agência Suíça para Desenvolvimento e Cooperação (SDC), devem se apressar, pois o prazo para candidaturas termina no dia 30 de junho. As propostas serão analisadas caso a caso e a decisão sobre os contemplados deve ser anunciada depois de um mês. Angela Thas, coordenadora de Projetos e Conteúdo da GKP, explica que o objetivo do fundo é dar uma oportunidade a ONGs e redes que fazem um bom trabalho e lutam com dificuldades para conseguir verbas. “Os dois primeiros anos de vida são um período crucial. Boa parte dos investidores tem receio de aplicar recursos em organizações muito novas. Então, nessa fase, a quem elas podem recorrer? Sem o devido tempo para conquistar credibilidade e sem projetos, como poderão obter o apoio de que precisam?”, reflete. O Fundo SGSIP, além de fornecer esse apoio, pretende dar divulgação aos trabalhos dessas organizações, proporcionando a formação de parcerias que sejam proveitosas para todos. “A GKP está interessada em garantir a otimização e o compartilhamento dos recursos disponíveis por parte de seus membros, de modo a assegurar o maior benefício possível para as comunidades”, acrescenta.
Será contemplada apenas uma iniciativa de cada um dos eixos temáticos determinados pela GFK: “TICs para o empoderamento de mulheres”, “TICs para a participação da juventude”, “Comunidades indígenas e deslocadas e as TICs” e “TICs para a redução da pobreza”. Com isso, segundo Angela, a GKP pretende ter um controle maior dos projetos aprovados, acompanhando de perto cada etapa. “Como você pode imaginar, os financiadores se preocupam com possíveis riscos e desejam ter certeza de que os recursos que investirem serão bem aplicados e produzirão os resultados pretendidos”, diz ela. O prazo para o total desenvolvimento dos projetos também é curto – até o final do ano. “Isso representa uma pressão adicional sobre os potenciais beneficiados, pois, como se trata de organizações recém-criadas, elas correm o risco de perder a credibilidade antes mesmo de conquistá-la, caso não consigam cumprir aquilo que propõem. Neste aspecto”, prossegue, “há risco para nós, porque são organizações novas; e para elas, porque precisam mostrar do que são capazes”.
A GKP decidiu criar o fundo ao perceber a grande demanda por financiamento e o crescente interesse pelas potencialidades das tecnologias de informação e comunicação como agentes de transformação e desenvolvimento. “As TICs provêm meios para alcançar a justiça social e a eqüidade. Informação correta, contextualizada e atualizada pode fortalecer os cidadãos e ajudá-los a fazerem escolhas melhores e conhecerem as opções, oportunidades e possibilidades de que dispõem”, afirma Angela. Mas infelizmente, para que as TICs possam de fato servir à humanidade, é preciso criar um novo paradigma de desenvolvimento. Não se trata mais de pensar apenas em lucro e produtividade. Precisamos manter o foco nas pessoas, no respeito aos direitos humanos e às individualidades”.
Dentro dessa filosofia, observa Angela, o espírito inovador é fundamental para assegurar a melhoria da qualidade de vida – o que não necessariamente tem a ver com a idéia de mecanização e modernidade. “Para nós, a visão de qualidade é holística, muito mais significativa. As TICs devem nos levar a uma melhor comunicação dentro de uma comunidade global inclusiva – nenhum grupo é minoria, nenhum grupo é maioria, nenhum grupo é mais importante do que outro ou do que qualquer indivíduo – e sem a rigidez e as barreiras de protocolos, classes ou poderes”.
Inscrições
Para se candidatarem ao Fundo SGSIP, as organizações devem preencher e enviar o formulário específico (disponível na área de Downloads Relacionados desta página), acompanhado de uma descrição do projeto, com orçamento detalhado e plano de trabalho. Mais informações podem ser obtidas no site da GKP (veja em Links Relacionados).
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