Qual o sentido das revoluções sociais no século 21? O projeto Revoluções reúne alguns dos mais inquietos pensadores e artistas da atualidade para promover um debate sobre o sentido histórico das revoluções, tendo como base dois temas: os direitos humanos e o uso da imagem na sociedade contemporânea (na fotografia e no cinema, em especial).Tornado concreto na forma de um curso, um seminário e uma exposição – entre outras iniciativas –, o projeto não visa à mera propagação de posições revolucionárias de outrora, mas procura pensar uma questão essencial para os nossos dias: “Educar para qual sociedade?”1 Como resposta, relembraremos utopias que pretendiam reconciliar altruísmo e liberdade para, a partir delas, abordar caminhos que levem à reinvenção do presente, tornando-o mais democrático e mais igualitário.O objetivo, portanto, é recordar o passado revolucionário para pensar o presente. Ou, como afirma o cineasta alemão Alexander Kluge: “a utopia torna-se melhor, e melhor ainda, enquanto esperamos por ela”. Tomados em conjunto, a estética, os direitos humanos e a revolução podem ser encarados como uma arte de viver, capazes de gerar uma nova forma de se posicionar no mundo – criando, no imaginário coletivo, uma abertura que possibilite novas formas de vida comum.O Projeto Revoluções é uma realização do Instituto de Tecnologia Social – ITS Brasil –, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, do SESC-SP e daBoitempo Editorial. A seguir, a programação de maio a julho.I – Seminário: Revoluções, uma política do sensível20 e 21 de maio – a partir das 14hTeatro Paulo Autran – SESC-PinheirosRua Paes Leme, 195 – São PauloInscrições: www.revolucoes.orgMais informações: revolucoes@revolucoes.org.brO seminário trabalhará com a relação entre estética, política e história. Não no sentido estrito da propagação das posições de engajamento político dos artistas, mas no da produção de uma política do sensível (ou de uma “partilha do sensível”, para usarmos a expressão cunhada pelo filósofo francês Jacques Rancière).A ideia de uma política do sensível opera como uma abertura ética, presente em uma obra de arte, que rompe com os lugares-comuns do cotidiano, esvaziado pelo espetáculo dos meios de comunicação em massa. Ao recolher criticamente a tradição revolucionária esquecida, os artistas criam as condições que permitem a produção de novos sentidos comuns, ativos e críticos. Assim, as clássicas revoluções sociais, antes vistas como questões datadas, esvaziadas de sua efetividade política, ganham força novamente.II – Oficinas com Klemens Gruber22 e 24 de maio, das 10 às 18h22/05, das 10 às 18h – Mídia e Revolução: culturas da vanguardaEsta oficina examina o papel central desempenhado pela então nova mídia na emergência das culturas de vanguarda nos anos 1910 e 1920. Ela considera relações entre cinema e teatro, pintura, fotografia, rádio, arquitetura, tipografia e publicidade. A questão principal colocada pelos artistas de vanguarda era “Quando a tecnologia gera valores estéticos?” Eles exploravam como as funções artísticas emergiam através do uso de meios tecnológicos.Os temas seguintes estruturam a oficina: o artesanal e o produzido à máquina; o objeto em revolta; a vanguarda e as massas; a encenação do aparato; tecnologia e os sentidos; interrupção como procedimento; “a imagem como tal”; política e utilitarismo; exuberância analítica. Nós observaremos diretores e artistas como Kazimir Malevich, Vsevolod Meyerhold, Lyiubov Popova, Dziga Vertov, Gustav Klutsis e outros, e examinaremos textos teóricos dos Formalistas Russos, Walter Benjamin e László Moholy-Nagy, entre outros.24/05, das 10 às 18h: Como jogar com a televisão: a poética de Alexander Kluge para a TVHá mais de 20 anos, o escritor, cineasta e realizador de TV alemão Alexander Kluge tem produzido de três a quatro programas culturais semanais, cada um durando entre 15 minutos e três quartos de hora, e às vezes a noite inteira, transmitidos nos três principais canais privados da Alemanha. Com a sua empresa de desenvolvimento de programas de TV (dctp), Kluge quer “transformar a televisão em algo interessante”, como descreveria Jean-Luc Godard.Alguém poderia dizer que a principal intenção de Kluge é subverter o conceito de televisão como meio de documentação ou ficção. Ele intencionalmente mistura as duas coisas para ressaltar o fracasso de sua dolorosa separação na TV tradicional. “Nada é mais apropriado para criar ficção do que a documentação” já era seu slogan como cineasta nos anos 1970, por exemplo em Part-Time Work of a Domestic Slave (“Trabalho em meio-período de um escravo doméstico”), de 1973. Consequentemente, um dos seus programas culturais semanais é chamado “Notícias & Histórias”. E ele insiste na capacidade que os programas de TV têm de nos dar em retorno mais tempo do que gastamos ao olhar para eles.III – Exposição21 de Maio a 3 de JulhoAndar térreo do SESC-PinheirosRua Paes Leme, 195 – São PauloInformações: revolucoes@revolucoes.org.br1* Educar: para qual sociedade? é um livro de Giulio Girard.Fonte: Outras Palavras
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