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Diversidade sexual: assine embaixo

Autor original: Mariana Loiola

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Lançada pela Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), a campanha "Direitos sexuais são direitos humanos" foi lançada no dia 28 de junho, como parte das comemorações pelo Dia do Orgulho Gay, e dá continuidade à mobilização social proporcionada pelas paradas de orgulho homossexual que aconteceram em todo o país. A campanha – que conta como o apoio da Coordenação Nacional de DST/Aids e da Evangelischer Entwicklungsdienst (EED), agência de cooperação alemã - é composta principalmente por três postais que enfatizam a importância da reivindicação às autoridades pela garantia de direitos sexuais. Voltada para a sociedade em geral, a iniciativa pretende estimular as pessoas a assinarem os cartões e os enviarem para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em apoio às leis em tramitação na Casa cujos conteúdos sirvam para consolidar os direitos dos homossexuais no país.

Luís Felipe Rios, coordenador da campanha e um dos coordenadores da Abia, diz que essa é uma forma de sensibilizar a sociedade para a temática dos direitos sexuais e, ao mesmo tempo, mobilizá-la para se posicionar a favor da causa. O maior objetivo é que as pessoas reflitam sobre o tema e peçam ao governo mais atenção aos direitos sexuais.

A idéia da campanha surgiu a partir da experiência no trabalho de prevenção de HIV/Aids entre jovens homossexuais do sexo masculino, através do projeto Juventude e Diversidade Sexual, da Abia. Segundo o coordenador da campanha, para diminuir a vulnerabilidade em relação à Aids, não basta informação: é necessário mexer com a estrutura da sociedade opressora. Ou seja, as ações de combate à Aids devem ser acompanhadas de esforços para diminuir a opressão sexual, incluindo a homofobia. "A opressão começa em casa. Um rapaz que sofre discriminação dos pais por gostar de outro tem uma auto-imagem diminuída e se preocupa menos em se cuidar", diz.

Inicialmente, os postais foram distribuídos apenas na cidade do Rio de Janeiro, em bares e outros estabelecimentos culturais, através da empresa Mica. Só que os postais fizeram sucesso: foram bastante divulgados entre ONGs parceiras e a Abia está recebendo pedidos de todo o país. A primeira tiragem (10 mil unidades de cada postal) já foi esgotada, mas uma quantidade maior (30 mil de cada) já está sendo distribuída no Rio e em outras cidades do Brasil onde a Mica trabalha (veja a relação das cidades no site da empresa, cujo endereço eletrônico está disponível na área de Links Relacionados desta página). Outros grupos de homossexuais estão reforçando a campanha, promovendo mobilização em suas cidades e regiões. Eles distribuem os cartões, recolhem-nos de volta com as assinaturas e os enviam - em conjunto - diretamente para a Comissão de Direitos Humanos.

Dois dos postais que integram a campanha contêm as mensagens "A bolsa já saiu do armário... Agora só falta você!" e "A visibilidade homossexual e a reivindicação às autoridades por direitos sexuais fazem parte da resposta positiva à epidemia de HIV/Aids". Casais de jovens do mesmo sexo ilustram os dois outros cartões. Além dos postais, há também um porta-camisinha, dirigido mais especificamente para a pessoas homossexuais, e distribuído em boates e festas gay. A peça traz informações resumidas sobre o efeito do coquetel para as pessoas soropositivas.

Rios diz que, como os coquetéis têm aumentado a sobrevida, existe uma idéia de que eles curam a doença, o que não é verdade. A mensagem do porta-camisinha é que, ainda que ajudem a viver mais tempo, os medicamentos comprometem seriamente a qualidade de vida das pessoas que vivem com Aids - a prevenção, portanto, ainda é o principal remédio.

Os pedidos que chegam à Abia não são apenas de grupos de homens. Apesar de fazer parte de um projeto voltado para homossexuais do sexo masculino, a campanha tem agradado também às mulheres, pois um do casais ilustrados nos postais é do sexo feminino. "Quando realizamos campanhas e outras ações, nós recebemos muitas queixas de grupos de lésbicas, pois elas se sentem esquecidas nas abordagens. Não é porque, biologicamente, têm menos chance de serem contaminadas pela Aids dos que os homens homossexuais que elas devem ser excluídas. Afinal de contas, elas fazem parte da luta por direitos sexuais", afirma Rios.

As ONGs, os grupos ou as pessoas, de todo o país, que quiserem adquirir os materiais da campanha, devem entrar em contato com a Abia, através do telefone (21) 2223-1040 ou do correio eletrônico abia@abiaids.org.br.

Rios sabe que muitas das pessoas que adquirem esses cartões fazem coleção e acabam guardando-os em casa. Mas, para que a campanha atinja os seus objetivos, é preciso que as pessoas assinem e os enviem para a Comissão de Direitos Humanos. "Assim a população pode demonstrar ao governo o seu interesse na efetivação das leis que garantem os direitos sexuais", diz.

Mariana Loiola

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