Autor original: Marcos da Silva Graça
Seção original: Os mais interessantes e ativos projetos do Terceiro Setor
Atraso no desenvolvimento da fala, escrita, percepção visual, concentração, falta de interesse por livros impressos, além de dificuldades no relacionamento com crianças da mesma idade ou no aprendizado de rimas, canções ou jogos pedagógicos. Para muitos, uma ou mais destas características encontradas em uma criança podem representar apenas desatenção ou preguiça, mas elas podem ser sintomas de dislexia. Para permitir a divulgação de informações e o diagnóstico correto deste tipo de distúrbio do aprendizado, foi fundada, em 1983, a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), na cidade de São Paulo. "A ABD não possui fins lucrativos, foi estruturada a partir do trabalho voluntário e tem por principal objetivo estudar e divulgar conhecimentos sobre a dislexia, para ajudar os portadores do problema", explica o presidente da organização, João Alberto Ianhez.
A ABD foi criada por um pai de uma criança com a doença, que não encontrou no Brasil uma orientação adequada para as dificuldades de seu filho, sendo necessário viajar para a Inglaterra, onde foi atendido pela British Dyslexia Association (BDA), instituição que depois serviu de modelo para a associação brasileira. "Desde então, realizamos atividades para informar a população sobre a dislexia, orientando e formando profissionais, além de pesquisarmos a incidência e formas de exteriorização do distúrbio no país", acrescenta João Ianhez. Para permitir um melhor atendimento, foi criado o Centro de Avaliação e Encaminhamento (CAE), em 1986, que permitiu a realização do diagnóstico da dislexia e a orientação de familiares e profissionais quanto ao acompanhamento adequado de cada caso.
As atividades da ABD incluem o atendimento ao público, formado por disléxicos de todas as idades, familiares, professores, profissionais da área educacional e clínica, com orientação direcionada, diagnósticos e encaminhamentos, além da realização de cursos, palestras e simpósios nacionais e internacionais. "Todo este trabalho - em grande parte realizado por voluntários - é necessário, porque uma parcela significativa do abandono escolar é provocado pelas complicações da dislexia não tratada, podendo inclusive levar a pessoa ao uso de drogas, ao alcoolismo e à marginalidade", destaca João Ianhez, que possui este tipo de distúrbio e passou por muitas dificuldades que hoje busca combater. Outra atividade em execução é a montagem de uma cartilha multissensorial de alfabetização que servirá para disléxicos e pessoas com dificuldades de aprendizagem.
O presidente da ABD ressalta a importãncia de professores e pais estarem atentos a quaisquer dificuldades de aprendizado que as crianças possuam, pois o tratamento precoce ajuda a evitar muitos prejuízos e atrasos no desenvolvimento escolar. Segundo ele, o aluno que não percebe o que possui e não conta com um apoio especial da família nem de profissionais preparados acaba ficando atrasado no acompanhamento das matérias, repete o ano muitas vezes, tem sua auto-estima prejudicada e acaba abandonando a escola por sua escolha ou por imposição da família, que o vê como um malandro. "Temos que compreender que a dislexia é provocada por alterações genéticas que modificam os padrões neurológicos de funcionamento do cérebro, necessitando de uma equipe multidisciplinar para ser diagnosticada e tratada", alerta Ianhez.
Para o futuro, a ABD pretende aprimorar ainda mais sua atuação. Nos últimos anos, a organização tem passado por um processo de reestruturação, para melhorar sua situação financeira, além de buscar uma maior profissionalização e a ampliação de suas atividades. "Atualmente, procuramos criar condições de auto-sustentabilidade e conquista de novas parcerias para a execução de vários projetos educacionais, de formação profissional, de estudos e pesquisas, pois não temos nenhuma colaboração governamental", complementa João Ianhez.
O atendimento pela ABD é feito em sete consultas, normalmente, mas no caso de quem mora fora de São Paulo é realizado em um único dia, para evitar o desgaste físico e outros gastos para o paciente. Segundo a fonoaudióloga, a associação cobra por parte de suas atividades para poder manter a entidade em funcionamento. "No caso de famílias carentes, realizamos uma avaliação sócioeconômica para uma adequação dos valores cobrados à realidade de cada um, chegando mesmo ao atendimento gratuito", destaca.
A ABD também realiza eventos gratuitamente, principalmente os destinados aos disléxicos diagnosticados pela própria entidade, além de descontos para sócios. "A nossa filosofia é de que quem pode ajudar a manter as atividades da associação também estará ajudando no atendimento das pessoas que não têm condições disso", defende o presidente da Associação, João Ianhez.
Para agendar um atendimento na ABD, pode-se utilizar um encaminhamento, por um profissional ou escola, mas o contato tem que ser realizado pelos pais para marcação da primeira consulta. Os contatos para atendimento ou inscrição como sócio podem ser realizados pelos telefones (11) 3231-3296 ou (11) 3258-7568, pelo e-mail abdislexia@uol.com.br ou pelo endereço eletrônico www.dislexia.org.br.
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